O jornal “O Tempo”, em sua página 25, reproduzida também pelo tablóide “Super Notícias”, em sua página 3, ambos no dia de hoje (01/06), trazem  matéria sobre as condições das estradas mineiras.

Com as manchetes: “Estradas ‘prontas’ em mil anos”  (O Tempo) e “Pavimentação só em mil anos” (Super Notícias), os diários, baseados em dados do Anuário CNT do Transporte, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), omitem dos leitores informações essenciais que seguramente os fariam entender melhor a questão.

No número contabilizado pela reportagem dos periódicos constam dois itens que, se levados em consideração, descontruiriam por completo o argumento que levaram às manchetes.

O primeiro deles, rodovias naturais. Segundo o Boletim Rodoviário do DER/MG, são trechos “que não atendem às normas rodoviárias de projeto geométrico, não se enquadrando, portanto em nenhuma das classes de rodovias estabelecidas pelo DNIT. Sua superfície de rolamento se apresenta no próprio terreno natural.” Ou seja: qualquer caminho apto a receber o tráfego de veículos urbanos e rurais. 

O segundo deles são as chamadas rodovias planejadas e que podem ser de responsabilidade de diversos segmentos, inclusive privados. Novamente recorremos à nomenclatura técnica. “São rodovias fisicamente inexistentes, mas para as quais são previstos pontos de passagem que estabelecem uma diretriz destinada a atender uma demanda potencial de tráfego. Estes pontos de passagem não são obrigatórios até que a realização de estudos e/ou projetos estabeleça o traçado definitivo da rodovia.” Ou seja: são desejos ou perspectivas futuras. Sem qualquer parâmetro para considerá-las necessárias ou realizáveis.

Nos números Brasil do Anuário CNT, as duas classificações de rodovias somam 75,43% (1,3 milhão de quilômetros) de um total de 1,75 milhões de quilômetros apontados. Os números específicos de Minas Gerais, para o ítem Leito Natural, não foram divulgados. De qualquer forma lá consta que, no território mineiro, 9,2 mil quilômetros estão inseridos no ítem "planejados".

Reiteramos que o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) informou à reportagem de O Tempo que é responsável pela manutenção e conservação de 27.491 quilômetros de rodovias. Deste total, 21.256 quilômetros são pavimentados e 6.235 não pavimentados. O trabalho de manutenção rodoviária executado pelo DER/MG tem como objetivo o buraco zero, ou seja as empresas são contratadas para garantir as condições de trafego das rodovias, realizando manutenção do pavimento, roçada da faixa de domínio, melhoria da sinalização horizontal e vertical, além da limpeza dos sistema de drenagem.
 
Portanto, a superficialidade da análise dos dados, que levou  a manchetes  e textos sem respaldo na realidade, não pode deixar de ser questionada. Mas não é apenas esse o ponto que merece reparação. Nesses tempos onde o meio ambiente é tão presente na vida das pessoas, cabe uma pergunta: será que 100% dos indícios de caminhos existentes há milênios no Brasil e em Minas Gerais deveriam mesmo ser pavimentados?  Uma ferrovia ou  uma hidrovia deveriam ser descartadas?

Assessoria de Comunicação
SETOP/MG